sábado, 25 de janeiro de 2025

Sonho de uma absolvição

Eu só quero que você seja você,
Sem moldes, sem medo, sem se esconder.
Se no teu ápice algo me fizer estremecer,
Eu prometo, vou te olhar e dizer.

Não quero magoar, nem reprimir,
Quero nos ver livres para existir.
Mais que um pacto, um voto de verdade,
Seremos quem somos, sem meia-metade.

Somos tão íntimos, mas tão distantes,
Dois estranhos em campos flutuantes.
Companheiros no mundo, silentes no peito,
Carregamos solidões, esse antigo defeito.

Como pode um casal ser tão unido,
E ao mesmo tempo, tão comedido?
Quero romper esse véu de restrição,
Deixar que sejamos puro coração.

Amor, esse laço precisa mais que perdão,
Ele clama por uma plena absolvição.
Sei que meu erro pesa e trouxe dor,
Mas sei também que em nós ainda há amor.

Viemos cheios de vícios e de traumas antigos,
Bagagens de outros relacionamentos falidos.
Esquecemos de parar, de reavaliar,
O que faz sentido pra gente começar.

Quero reconstruir, replantar nosso chão,
Desfazer os nós, fazer florescer a união.
Não somos perfeitos, mas juntos podemos ser,
A melhor versão do que ainda há por viver.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Nosso Jardim

Era um buquê, um gesto tão delicado,
No meio, uma rosa que nunca é deixada de lado.
"Vou te amar até a última murchar,"
Foi com essas palavras que quis me conquistar.

Tatuei essa promessa na minha pele e na alma,
Cada pétala um juramento que acalma.
Nosso jardim, que já foi cheio de cor,
Hoje resiste às pragas, mas ainda guarda amor.

Errei ao deixar a tempestade entrar,
Abri as portas e deixei o vento levar.
Mas as raízes são fortes, não vão sucumbir,
Quero regar esse amor, fazer as flores surgir.

Entre espinhos, há beleza que se esconde,
Entre erros, há força que nos responde.
Ainda vejo em nós o perfume da paixão,
Que pode renascer com dedicação.

Permita-me arrancar cada erva daninha,
Mostrar que, apesar de falhas, sou tua companhia.
Nosso jardim pode voltar a crescer,
Se juntos quisermos, podemos reflorescer.

A última rosa ainda está aqui, intacta,
E com ela, meu amor, minha promessa exata.
Enquanto houver uma chance pra te cuidar,
Te amarei até a última rosa murchar.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

A dor do meu maior erro

Numa sexta-feira, sem aviso, sem alarde,
Um anúncio tão banal quanto covarde.
“Você sabe por que do cajá?”
Sem entender, eu disse: “Sei lá.”
E com um olhar que partia o meu chão,
Você disse: “Estou indo... foi traição.”

Naquele instante, o mundo parou.
O eco do ato que me condenou.
Não foi apenas o homem que amei,
Traí meu amigo, o amor que sonhei.

Por que escolhi o vazio do momento,
Destruindo o que tínhamos em sentimento?
Por um instante, tudo se perdeu,
E pela primeira vez, isso também me doeu.

Até então, minhas falhas eram banais,
Pequenas histórias, vividas sem mais.
Mas agora o peso recai sobre mim,
Maior do que em qualquer erro sem fim.

Não foi só o marido que deixei em pedaços,
Foi o companheiro que estava em meus braços,
Aquele que sabia das minhas dores,
Que me trouxe luz entre tantos temores.

E o que você busca nesse espaço,
Nesse tempo, nesse compasso?
Será pior viver sem mim,
Ou conviver com o que fiz, enfim?

Pra mim, foi carnal, vazio, momentâneo,
Mas pra você, foi cruel e profano.
Um evento, um abismo, uma dor visceral,
Transformando nossa história em algo irreal.

Pela primeira vez, a culpa me invade,
Minha traição se veste de verdade.
Nem em meus amores que passaram,
Senti tanto pelos corações que quebraram.

Agora, são sete dias para rever nossos 7 anos,
Para contar os sorrisos que deixei profanos.
Sob o ano 9, de Iansã e Xangô,
A justiça vem para o que plantou.

Eu traí mais do que um parceiro de jornada,
Traí meu norte, minha base sagrada.
E na colheita da vida, me pergunto com dor:
Meu saldo será positivo, ou eu perdi meu amor?

Mas se ainda existe algo entre nós,
Se houver espaço pra reconstruir a sós,
Te peço: que possamos começar do zero,
Tentar de novo o que foi tão sincero.

Com as rosas que em nossas peles estão gravadas, reforço teu juramento no cartão enviado:
"Vou te amar até a última rosa murchar,"
E lutar pra que nosso amor nunca venha a acabar.

domingo, 19 de janeiro de 2025

Majestade em Fragmentos

Tenho a constante sensação
De carregar o peso da ascensão,
Mas na corrida, tropeço na própria ação,
Aquela que outrora desprezou ceder,
Agora suplica apoio para ascender.

Cadê o brilho que tanto busquei?
Só vejo fragmentos do que deixei.
Não é preciso tocar o fundo do abismo
Para notar que todo esse heroísmo
Poderia ser o grito de um querer,
Aquele que teima em desaparecer.

Visto a armadura de impostora,
Finjo que a coragem é duradoura,
Mas dentro, ouço o som da ruína
E sinto a essência que me desafina.

É estranho, mas aqui estou,
Com o mundo que corre por entre as mãos.
Sou majestade e poeira em explosão,
Num equilíbrio tênue de decepção,
E esperanças em combustão.

Uma hora, cansa, e se não cansa, consome.
E o que resta é a dúvida que se retome:
Será que há algo a alcançar,
Ou sigo vivendo de hesitar?